Os testículos são as glândulas sexuais masculinas responsáveis pela produção de hormônios sexuais e espermatozoides. São formados durante a vida uterina dentro da cavidade abdominal e, através da ação hormonal, por volta do sexto mês de gestação, os testículos descem para a bolsa escrotal, ou escroto. Quando não acontece essa migração, é chamado de criptorquidia.
Para manter o bom funcionamento da glândula e os espermatozoides vivos, os testículos precisam estar a uma temperatura inferior de 1 a 1,5 graus do resto do corpo. Quando ao menos um dos testículos, geralmente o esquerdo, fica impedido de migrar para o escroto, essa situação é chamada de criptorquidia ou criptorquia. O número de incidência é de até 5% dos recém nascidos, e é importante ser diagnosticada e tratada para evitar sérios problemas futuros. Quando o neném é prematuro, o número de casos sobre para 30%.
O que causa a criptorquidia?
A causa exata dessa condição ainda é desconhecida. Acredita-se que seja muito provavelmente uma combinação de fatores genéticos, ambientais, anatômicos, hormonais e de saúde materna. Apesar disso, os fatores de risco já são de conhecimento do mundo médico. Os mais importantes são:
Do bebê:
– baixo peso ao nascimento;
– idade gestacional prematura;
– problemas na formação intra uterina no tubo neural, parede abdominal, paralisia cerebral;
– hérnias.
Genéticos:
– histórico familiar de criptorquidia;
– histórico familiar de problemas de desenvolvimento do aparelho reprodutor;
– redução da produção de testosterona.
Ambientais:
– exposição a alguns tipos de pesticidas.
Saúde materna:
– ingestão de álcool durante a gravidez;
– tabagismo durante a gravidez.
Em cerca de metade dos casos, o testículo completa sua descida de forma natural até um ano de idade. Após esse período, apenas 1% dos meninos continua manifestando a criptorquidia.
Quais são os sintomas?
O principal sintoma da criptorquidia é a ausência de um dos testículos do bebê e é verificada logo após o nascimento. A palpação da bolsa escrotal faz parte do exame pediátrico do recém-nascido e, se o médico não constatar a presença de um dos testículos, irá acompanhar o caso até geralmente o sexto mês de vida para avaliar se ocorre a migração para a bolsa escrotal naturalmente. Você pode agendar uma consulta com o Dr Aide Lisboa para saber como está a saúde do seu filho.
Algumas vezes os testículos podem subir para a cavidade abdominal e depois retornar normalmente para a bolsa. Nesses casos, não configura como criptorquidia, pois o testículo se movimenta naturalmente devido à musculatura e também pode ser empurrado para a posição natural com os dedos. Dá-se, então o nome de testículo retrátil. A partir dos sete anos, os hormônios farão com que os testículos se mantenham espontaneamente dentro da bolsa.
Classificação e diagnóstico
Quando o testículo se encontra na parte superior da bolsa escrotal, na forma de supraescrotal, em posição mais alta que o normal, considera-se criptorquidia propriamente dita. Nessa posição, a glândula é palpável pelo médico e frequentemente esse testículo termina a sua descida em até um ano depois do nascimento da criança.
O testículo migra do abdômen até a bolsa escrotal através do canal inguinal. Algumas vezes, ele está localizado ainda na posição inicial, dentro da cavidade abdominal. Essa localização não é palpável pelo médico e só é descoberta através de uma cirurgia de exploração, uma vez que os exames de imagem não são capaz de detectá-lo. Os testículos classificados como impalpáveis são 20% dos casos.
Ainda seguindo seu caminho natural, pode ser que o testículo ainda esteja em alguma parte do canal inguinal e a sua descida ainda esteja incompleta. Esses casos, assim como o supraescrotal, também são palpáveis na região da virilha e o diagnóstico é feito rapidamente pelo médico durante uma consulta.
Algumas vezes, o testículo pode ser palpado em regiões fora do caminho natural em direção ao escroto. São chamados testículos ectópicos e se dividem em três subcategorias: região suprapúbica, perineal ou femoral. Podem ser palpáveis ou impalpáveis.
Embora muito raro, algumas crianças podem apresentar também a ausência total do testículo, chamada de agenesia testicular. Também em uma minoria dos casos, a criptorquidia pode surgir após alguns anos de vida, entre os 4 e 8 anos, fazendo com que o testículo ascende e fique preso na região inguinal. Por essa razão, vale o alerta para que os pais e mães apalpem e ensinem os filhos a apalparem a bolsa escrotal para cuidarem da saúde dos meninos.
Os testículos palpáveis, como o próprio nome diz, aparecem ao toque e é possível saber a sua localização e assim decidir o tratamento correto. Quando são impalpáveis, a única forma de diagnóstico é a cirurgia exploradora, pois os exames de imagem, como a ultrassonografia, conseguem detectar a localização nesses casos em apena metade das ocorrências. Já na cirurgia, é possível localizar praticamente 100% dos testículos escondidos.
É importante que os casos ectópicos e impalpáveis sejam tratados logo, pois pela posição oculta acabam ficando sujeitos a temperaturas mais altas, que são prejudiciais ao seu desenvolvimento e funcionamento normal. Se não tratados, há possibilidade de ficarem atróficos e não produzirem espermatozoides, afetando a fertilidade no futuro. Ademais, têm um risco mais elevado de desenvolver tumores e apresentar uma hérnia associada.
Qual o tratamento correto?
Como explicado anteriormente, após um ano a um ano e meio depois do nascimento, os testículos podem se alojar da maneira correta naturalmente, sem necessidade de tratamentos ou cirurgias.
Antigamente o tratamento era feito em crianças maiores, porém hoje se sabe que o tempo fora da bolsa escrotal é bastante prejudicial à glândula, afetando desde a capacidade germinativa e fértil, quanto o desenvolvimento de tumores nos testículos e hérnias inguinais, podendo gerar inclusive danos irreversíveis. Considerando os aspectos cirúrgicos, anestésicos e psicológicos, a idade sugerida para o tratamento é entre seis e 18 meses.
Um dos tratamentos para a criptorquidia é a hormonioterapia. O hormônio gonadotrofina coriônica (HCG), em doses controladas, pode auxiliar na descida dos testículos e é mais útil em casos em que a posição da glândula não é muito distante do local natural dentro da bolsa. Portanto, a opção hormonal não é indicada a todos os pacientes.
A segunda opção é a cirurgia, denominada orquipexia. Com anestesia geral, o procedimento é feito através de um pequeno corte na região da virilha ou na bolsa escrotal, recolocando corretamente o testículo e corrigindo também as hérnias associadas, quando houver. No caso de testículos impalpáveis que não foram encontrados através dos exames de imagem, a única saída é a exploração cirúrgica, que pode ser feita por laparoscopia, onde pequenos cortes são feitos para a inserção de uma câmera de vídeo e os instrumentos cirúrgicos, ou cirurgia aberta tradicional. A orquipexia pode ocorrer juntamente com a cirurgia de exploração, facilitando o tratamento. Tanto na cirurgia tradicional quanto na laparoscópica, a alta ao paciente é dada geralmente em 24 horas.
A orquipexia apresenta taxa de sucesso próximo de 100% e é muito importante para preservar os testículos, evitar seu atrofiamento e prevenir problemas psicológicos pela ausência do testículo na bolsa escrotal. Devido à urgência do tratamento para garantir a eficiência e evitar problemas relacionados, é preciso estar atento e procurar um urologista quando surgir esse transtorno. Também durante a observação para o andamento, é fundamental continuar acompanhando com o médico responsável para tomar a melhor decisão na hora certa.